Disco: I Can Destroy - Paul Gilbert

Este disco aqui saiu no final de 2015. Eu tive a chance de escutá-lo diversas vezes deste essa época, mas por falta de tempo e sincronia, ele passou batido. Vamos falar do Paul Gilbert, porque é sempre uma diversão!

[] [] [] [] [] [] [] [] [] [] 8,5

A música do guitarrista Paul Gilbert pode ser classificada como um misto de tudo de bacana que existe dentro do Rock e estilos adjacentes, e ainda com bom humor. Quando o cara integrava o Mr. Big, o som era sempre mais voltado ao Hard Rock e ao Glam, enquanto o trabalho dele com o Racer X, sua outra banda, era mais direcionado ao Rock veloz e pesado. Basicamente a carreira solo dele é um misto disso tudo, acompanhado com a guitarra dele altamente veloz e carregada, e letras que sempre são extremamente descontraídas e divertidas. Com I Can Destroy, isso não mudou! Ainda bem!

Pra se ter apenas uma ideia, já que é a primeira vez que falo do Gilbert aqui, ou no meu site antigo, O próprio título do disco o cara pegou de uma frase do filho dele! Paul disse, numa entrevista, que o filho dele estava obstinado em poder quebrar as coisas, e mostrava para o paizão algo e dizia "isso eu posso quebrar, né?" Coisa de criança! Aí o cara gostou da ideia e tacou no disco!

Se você pegar a discografia anterior do Gilbert e ir retroagindo, vai achar muita coisa doida! Eu conheci ele pelo Mr. Big, depois tive o prazer de ouvir o som dele no Racer X (coisas bem diferentes), e tive contato primeiramente com sua música solo através de dois discos dele: Burning Organ e Tribute to Jimi Hendrix. Enquanto o segundo soava mais normal, o primeiro soava muito doido demais! Tinha lá mistura de Rockão acelerado, baladas, música clássica, Hard Rock, e por aí vai. Era uma doideira danada, e aquilo foi me conquistando. Aí você vê os discos dele anteriores, como King of Clubs, Flying Dog, e vê aquelas capas alucinadas... seu cérebro chega até a explodir, hehehe! Me lembrou muito o jeitão do Frank Zappa em seus discos e shows. O Zappa que era assim, alucinado, e ele fazia sucesso por causa disso.

Uma observação: o primeiro disco de ESTÚDIO do Gilbert, totalmente original e com composições próprias, é oficialmente o King of Clubs, que saiu em 1998, mas o primeiro disco dele como artista solo é o Tribute to Jimi Hendrix, de 1991, que apesar de ser um disco-tributo e ser ao vivo, eu conto como o debut dele, por se tratar de um primeiro trabalho em carreira solo, muito embora nessa época ele estivesse completamente focado no Mr. Big e não estivesse pensando de fato em uma carreira solo.

Mas enfim, agora que você tem uma ideia melhor do que o Gilbert faz, vamos falar deste disco aqui, lançado em Dezembro de 2015. A primeira música, cara, olha o nome: "Everybody Use Your Goddamn Turn Signal"... já te conquista na hora! É um Hardão com uma letra bem divertida e crítica: o cara começa todo fefoso: "todos usem seus olhos, vejam que dia lindo, todos usem seus ouvidos e escutem o que vou dizer, todos usem seu coração para se declarar para uma garota", e por aí vai, assim bem Xuxa mesmo, aí pega todos de surpresa no refrão: "agora todo mundo usa a PORRA da seta do carro!!" Ha ha ha ha ha ha!! E eu achando que o problema era só na minha cidade! Devia ter uma versão em português dessa música pra eu espalhar por aí, iria fazer o maior sucesso! Até o clipe dela é legal de se ver! Mas agora... sério: usem a seta do carro, pessoal! USEM, pelo amor de Deus! Eu não tenho bola de cristal pra saber onde você vai! Dá a merda da seta sem medo de ser feliz, belê? Ótimo, assiste o clipe aí!


Bom, vamos aos demais destaques do disco. A música-título, "I Can Destroy", é um misto de Rock acelerado, Hard Rock, Progressivo, Glam, o negócio é bem louco! E eu adoro essa faixa justamente por isso. A letra em si não é profunda nem nada, é algo bobo, mas o arranjo, a melodia, as passagens, o cara simplesmente destrói mesmo... porque ele pode, ahaaaa!! Desculpem o trocadilho! A terceira, "Knocking On A Locked Door", é muito divertida, acelerada, pendendo mais para o Pop, sem perder o peso, e com arranjos de Rock clássico, às vezes beirando o Punk dos primórdios, um lance bem oitentista, bem legal.

A faixa "Gonna Make You Love Me" é um Rock'n'Roll divertido e dançante, à moda antiga, com Paul dividindo os vocais com o colaborador Freddie Nelson para um ótimo dueto. E pra voltar naquele Rockão acelerado e com riffs marcantes, tente a próxima, "I Am Not The One (Who Wants To Be With You)"; na hora que eu vi o título, eu pensei "pouts, mais uma releitura do Mr. Big?", mas não, é algo bem diferente! Ouçam, é show! Para relaxar, a próxima é um bluesinho, "Blues Just Saving My Life", a letra é bem engraçada, tudo está tentando matar o cara, só o Blues tá salvando ele, é bem doido. Como eu disse pra vocês lá em cima, o cara faz mesmo uma sopa de Rock'n'Roll, se lambuze, porque é sempre algo bacana!

As faixas "I Will Be Remembered" e "Adventure And Trouble" remetem à estética de temas da Motown, a última parece bastante com um tema de Joe Cocker. O disco fecha com mais uma com sonoridade de Classic Rock, "My Sugar", essa mais próximo ao som de bandas como The Beatles. Aqui termina a diversão.

Após anos em atividade, Paul ainda continua um cara bem diversificado, que faz um som bastante variado das inúmeras vertentes do Rock que o inspiram. É Rock, ponto final. Não tem mais o que dizer. Eu admiro demais o trabalho dele, venho escutando já por décadas, desde que o descobri, e Paul continua exatamente o mesmo: um guitarrista técnico, virtuoso, e que sabe fazer um som que te agrada, e que te diverte demais. Extremamente recomendado!

I Can Destroy (2015)
(Paul Gilbert)

Tracklist:
01. Everybody Use Your Goddamn Turn Signal
02. I Can Destroy
03. Knocking On A Locked Door
04. One Woman Too Many
05. Woman Stop
06. Gonna Make You Love Me (dueto com Freddie Nelson)
07. I Am Not The One (Who Wants To Be With You)
08. Blues Just Saving My Life
09. Make It (If We Try)
10. Love We Had
11. I Will Be Remembered
12. Adventure And Trouble
13. My Sugar

Selo: Pronghorn Recordings

Banda:
Paul Gilbert: voz, guitarra
Freddie Nelson: guitarra, voz (6)
Tony Spinner: guitarra, back vocal
Kevin Chown: baixo, back vocal
Emi Gilbert: órgão, piano (12)
Thomas Lang: bateria, percussão

Discografia:
- Werewolves of Portland (2020)
- Behold Electric Guitar (2019)
- I Can Destroy (2016)
- Stone Pushing Uphill Man (2014)
- Vibrato (2012)
- Fuzz Universe (2010)
- United States (com Freddie Nelson) (2009)
- Silence Followed by a Deafening Roar (2008)
- Get Out of My Yard (2006)
- Space Ship One (2005)
- Gilbert Hotel (2003)
- Burning Organ (2002)
- Raw Blues Power (com Jimi Kidd) (2002)
- Alligator Farm (2000)
- Flying Dog (1998)
- King of Clubs (1998)
- Tribute to Jimi Hendrix (1991) - tributo ao vivo

Site oficial: www.paulgilbert.com

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